A intranquilidade dos leões nota-se à distância. São já sete jogos sem ganhar e ainda faltam 80 dias para terminar o pesadelo da temporada. Paços e Guimarães estão a um ponto do terceiro lugar
Alberto Cabral deve ter sido um dos treinadores principais com passagem mais fugaz pelo banco do Sporting. Orientou o plantel durante dois dias, perdeu contra o Nacional (1-0), e deixa agora o pesado fardo de uma equipa só e desmotivada nas mãos do director-geral transformado em treinador, José Couceiro. O sobrinho-neto de Peyroteo estreia-se na Luz, contra o Benfica, nas meias-finais da Taça da Liga. Logo contra um adversário que leva já 17 vitórias seguidas.
O ex-treinador Paulo Sérgio pediu às "habituais mentes brilhantes" que não arranjem outras justificações para a sua saída do Sporting. Porém, depois de tudo o que aconteceu desde Janeiro, será que ainda existem "mentes brilhantes" com disponibilidade para levar o leão de volta ao bom caminho? O momento anímico da equipa dificilmente podia ser pior: foi eliminado da Liga Europa sem perder contra o Rangers, com um golo no último minuto, sofreu três golos da Naval e dois do Benfica, tudo em Alvalade, e empatou contra o Olhanense depois de estar a vencer 2-2.
Talvez por isso Cabral (ou terá sido ainda Paulo Sérgio a escolher o onze?) fez várias alterações. Carriço, André Santos e Vukcevic regressaram, Polga foi para o banco. Mas a intranquilidade era notória nos jogadores leoninos. Postiga falhou um penálti aos 36 minutos e Torsiglieri pontapeou a bola contra os adeptos do Nacional depois de o árbitro ter apitado para o intervalo. Como a sorte tem andado muito longe das camisolas verdes e brancas, o Nacional marcou no primeiro remate que fez à baliza, aos 19 minutos. Mateus antecipou-se a Rui Patrício e fez o 1-0, numa altura em que o nevoeiro (mais cerrado nos primeiros minutos) já não podia servir de desculpa. O Sporting reagiu e teve uns momentos de lucidez, com Zapater e Matías perto do golo, até Postiga ter permitido a defesa a Bracalli no castigo máximo. Ainda antes do intervalo, Mateus pediu penálti após ter sido afastado por Torsiglieri – a ser falta, o central seria expulso. No lance duvidoso, Jokanovic, treinador do Nacional, reclama e ele é que é expulso.
Anselmo e Barcellos quase fizera o 2-0 aos 50’ e 55’, mas desta vez o Sporting não se pode queixar de falta de sorte. Mas outra "contrariedade" estava para chegar – pelo menos na teoria de Cabral, que na derrota contra o Benfica disse que a jogar contra 11 teria mais espaços –, pois João Aurélio foi expulso e os leões ficaram em superioridade numérica durante 30 minutos. Vuk, Maniche (substituiu Evaldo) e depois Postiga falharam de cabeça o empate, entre os 79 e os 84 minutos. Perto dos 90’, Bracalli voltou a negar o golo ao ponta-de-lança do Sporting com uma defesa fantástica.
A equipa lisboeta, que não perdia na condição de visitante desde Setembro (na Luz), para a Liga, estragou também esse registo. E vão quatro jogos sem ganhar para o campeonato, sete no total, a dois dias daquele que é agora o encontro mais importante da época para a Taça da Liga, o único troféu que os leões podem alcançar. Na Liga, a 18 pontos do Benfica, o Sporting já só olha para trás: Paços de Ferreira e V. Guimarães estão apenas a um ponto do terceiro lugar. Paulo Sérgio despediu-se da equipa desejando boa sorte a José Couceiro. A banda-sonora em Alvalade parece o dueto entre Vanessa da Mata e Ben Harper: É só isso Não tem mais jeito Acabou, boa sorte, diria Paulo Sérgio. Tudo o que quer me dar É de mais É pesado Não há paz, responderia José Couceiro. E a paz só poderá chegar com uma vitória na Luz ou depois das eleições de 26 de Março.
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