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A BOLA juntou Eusébio e Hilário PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Sexta, 25 Novembro 2011 10:15

111125hilarioeusebioNa véspera do derby, que melhor lançamento para este jogo do que percorrer memórias de dois dos seus maiores intérpretes de sempre, Eusébio, pelo Benfica e Hilário pelo Sporting? E, juntando o útil ao agradável, que melhor forma do que esta para colocar ponto final, por um lado em especulações maldosas; por outro, em interpretações distorcidas; e, last but not least, em mentiras travestidas de meias verdades?

Os dois ícones dos eternos rivais dispuseram-se à conversa, com prazer. E à história que foi recordada acrescentaram dados inéditos, fantásticos, que passam a fazer parte da lenda do futebol português. Uma conversa que é, afinal, uma ode à amizade. Entre rivais. E a apologia do respeito. Que cada vez é mais uma espécie em vias de extinção...

«Hilário, há quanto tempo conhece Eusébio?» Perante esta pergunta, simples, o espanto estampou-se na cara do velho leão, melhor lateral-esquerdo do Mundial de 1966.
«O Eusébio? Eu tenho 72 anos, o Eusébio vai fazer 70... desde sempre. A minha casa, no bairro da Mafalala, em Lourenço Marques, ficava quase ao lado da do Eusébio, as nossas mães eram amigas, os nossos irmãos também, como posso explicar? Éramos como irmãos.» Atento à resposta de Hilário da Conceição, Eusébio, o King, foi lesto a replicar: «Somos irmãos!»

Hilário, como para que não subsistissem quaisquer dúvidas sobre esta matéria, socorreu-se de um exemplo com mais de 30 anos.

«Em 1976, quando o Eusébio foi jogar para os Estados Unidos, deixou em minha casa um caixote de relógios de marca. Ele é louco por relógios e aquilo valia uma fortuna, eram muitos anos de ofertas... e não deixou aquele tesouro em nenhum banco. Deixou-o comigo!»

A mesma viagem

Os percursos de Hilário, chegado à Metrópole, oriundo do Sporting de Lourenço Marques, em 1958, para representar o Sporting Clube de Portugal, e de Eusébio, que demandou Lisboa dois anos mais tarde, vindo do mesmo clube, para se juntar ao Benfica, confundem-se em muitos aspectos, em tantos que nada os consegue abalar, nem mexericos, nem má-língua, nem simples oportunismo. É como Eusébio diz:

«Somos irmãos!»

Em Hilário e Eusébio pode, e deve, simbolizar-se a história dos confrontos entre Sporting e Benfica, uma década de sessenta de ouro para os encarnados, bicampeões europeus e de prata para os leões, vencedores das Taça das Taças. Porque há, entre ambos, o élan perfeito, que além da amizade que já vinha de terras africanas, é composto de rivalidade e respeito.

Com o andar dos tempos, uma modernidade, que não se contesta, tornou as coisas diferentes. Não só os jogadores como também os adeptos têm uma percepção diferente do derby dos derbies daquela que existia no tempo dos monstros sagrados. O Benfica não tinha estrangeiros, o Sporting era o clube que rivalizava, olhos nos olhos, com os encarnados, ficando reservado ao FC Porto e Belenenses um papel de outsiders. Basta dizer que enquanto Eusébio jogou no Benfica os dragões nunca foram campeões nacionais, sendo a hegemonia encarnada apenas contestada pelo Sporting. Foi nesse ferro, antes forjado nas bicicletas de Trindade e Nicolau, que cresceu uma rivalidade que espalhou por um Portugal que era, então, do Minho a Timor, os nomes dos rivais lisboetas.

Eusébio e o Sporting

«Sou muitas vezes mal interpretado», queixou-se Eusébio, «quando falo do Sporting. Quem me conhece percebe o que eu quero dizer quando digo que não gosto do Sporting. Os outros tiram conclusões erradas e precipitadas.»
O Pantera Negra prossegue, explicando o significado das palavras que por vezes profere.

«Joguei no Benfica de 1960 a 1975 e o clube a quem queria sempre ganhar, mais do que a qualquer outro, era ao Sporting, o nosso rival histórico. Por isso, quando digo que não gosto do Sporting é só porque sentia em relação aos nossos rivais uma sede de triunfar especial. Ora, isso é respeito. E eu, que tenho tantos amigos sportinguistas, sempre tive o maior respeito por esse clube. O que não quer dizer que não lhes quisesse ganhar de forma especial. Porque os jogos entre Benfica e Sporting são, de facto, especiais.»

À medida que Eusébio falava, Hilário ia acenando, concordando com o que o amigo (irmão), dizia.

«Eu joguei no Sporting de 1958 a 1973 e tudo o que o Eusébio disse é verdade. E posso dizer mais: apesar da rivalidade entre os clubes, a amizade que já trazíamos de Lourenço Marques fez com que ao longo deste tempo todo, até agora, nos falássemos e fossemos vista de casa todos os dias. Estive com o Eusébio quando éramos solteiros e quando casámos. A nossa amizade não se alterou e eu sei que o Eusébio respeita o Sporting e os sportinguistas como ele sabe que eu sempre fui tratado com consideração pelo Benfica. Agora dentro do campo, cada vez que era dia de Sporting-Benfica, amigos amigos, negócios à parte, era cada um por si, sem contemplações. Porque nada era mais belo do que ganhar um derby.»

 

In abola.pt


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