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Carlos Barbosa: «Pinto da Costa não é rival em nada» PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Sábado, 23 Julho 2011 11:44

110723_carlos_barbosaVice-presidente do conselho diretivo para a Comunicação e Marketing confia na revisão dos estatutos durante a AG de hoje


RECORD – Como vai cumprir o objetivo de vender 30 mil Gameboxes no meio de uma crise tão forte?

CARLOS BARBOSA – A renovação do Sporting passa por uma situação importantíssima que é a aprovação na AG de hoje dos novos tipos de sócio. Haverá uma série de novas categorias que permitirá, por sua vez, que se faça um novo tipo de Gameboxes. Os sócios estavam completamente dissociados do clube. Ninguém vinha ao estádio. Só para se ter uma ideia, 50 por cento da audiência no estádio eram portadores de Gamebox. Não faz sentido.

Este ano já batemos o recorde das renovações. O melhor era do tempo de Soares Franco com 12.500 e nós já vamos nas 18 mil renovações. Com as vendas espero atingir as 30 mil porque, apesar de tudo, o valor das Gameboxes e dos bilhetes tem sido muito ponderado. Vamos manter os preços do ano passado porque sabemos que as pessoas não têm dinheiro e há uma crise generalizada. Não podemos pensar que o futebol é uma exceção à crise que o país atravessa. Por muito que os ferrenhos sportinguistas deixem outros pagamentos por efetuar para pagar a Gamebox nós sabemos a realidade e temos de contemplar tudo isso. Agora há o sonho, há a paixão, a emoção...

 

R – ... Uma pré-época que tem ajudado a mobilizar...

CB – Sim, tem. Mas quando a bola começar a rolar a sério e aparecerem os resultados efetivos, será melhor. O grande período de vendas é imediatamente antes da primeira jornada do campeonato. Entre 12 de agosto e o próprio dia do jogo é quando esperamos a “loucura” das vendas.

 

R – Para quem tem 90 mil sócios, não é assim tão ambicioso chegar aos 100 mil, como pretende Godinho Lopes...

CB – O que nós queremos não é ter 90 mil sócios. O que queremos é ter 100 mil pagantes. É a grande diferença.

 

R – Quantos são os efetivamente pagantes?

CB – Com a recuperação que estamos a fazer através de uma operação de telemarketing, estou convencido de que devemos ter qualquer coisa entre os 60 mil e os 70 mil pagantes. Perdemos 14 mil pagantes na época passada. E perdemos 25 mil pagantes quando Santana Lopes foi presidente e instituiu a quota extraordinária. Ter sócios não me diz nada. Quero é ter sócios pagantes. Dizer que tenho 300 mil sócios...

 

R – É exequível chegar aos 100 mil pagantes esta época?

CB – Acho que sim, se os estatutos forem aprovados hoje. Os sócios do Sporting não perceberam ainda a importância da AG de hoje. A AG vai permitir uma modernização do Sporting. Não estou a falar do voto por correspondência, no voto eletrónico, nem no número de votos de cada um. Esse assunto está resolvido por quem de direito. A minha parte é comercial. Com os atuais estatutos estou completamente blindado para as categorias de sócios que existem. Tenho de ir procurar o sócio onde ele está e dar-lhe aquilo que ele quer. O que estou a fazer no Sporting é, de certa forma, uma cópia daquilo que fiz no ACP, onde tenho cerca de 260 mil sócios pagantes e entrei com pouco mais de 150 mil. É preciso ter várias categorias de sócio: para aquele que não vem, o que é atleta, o que vem todos os dias, o que tem Gamebox mas não pode vir a um determinado número de jogos e quer vender o lugar recebendo 50 por cento do valor. Há uma série de iniciativas comerciais que só poderão ser feitas com os novos estatutos aprovados. A discussão dos estatutos é a viragem do Sporting em termos comerciais e financeiros. Os sócios não podem estar hoje na AG a perder-se com parvoíces e com coisas sem interesse para satisfazer o ego deles, porque o que está aqui em causa é o Sporting. As novas categorias de sócio são o crescimento do Sporting. Vai ser facílimo passar os 100 mil.

 

R – Cem mil sócios pagantes dará para quê?

CB – Se os estatutos forem aprovados, conforme espero, por larga maioria, não vamos ter 100 mil sócios. Vamos ter muito mais. Há sócios que querem dar mais dinheiro ao Sporting. E há os que não têm tanto dinheiro e os que só vêm uma vez por ano. Mas mesmo os sócios que estão em Bragança querem ter regalias. O cartão de sócio do Sporting deve ter o mesmo valor que o do ACP, por exemplo. Deve dar descontos, ter promoções. O sócio que está em Bragança quer ter vantagens por pagar a quota. As contrapartidas têm de ser superiores ao que ele paga, que é o que acontece no ACP e eu quero transportar para o Sporting. A quota do sportinguista deve ser paga pelas vantagens que o cartão lhe dará.

 

R – Isto será para quando?

CB – Estamos a trabalhar as parcerias mas só posso avançar quando forem aprovados – hoje, espero – os estatutos com as novas categorias de sócio. O que paga mais tem mais vantagens, os que pagam menos têm menos vantagens. Quando aos votos, isso é outra questão, para as nove pessoas de todas as tendências que formaram a comissão de revisão dos estatutos.

 

R – Há alguma ideia de quanto poderão crescer as receitas?

CB – Não se pode fazer cálculos sem saber que categorias de sócios serão aprovadas. Se forem todas pode-se fazer as contas, com um estudo de mercado. Se for chumbada uma categoria, por uma birra qualquer (pois isto é um aspeto meramente comercial), as receitas serão prejudicadas. É preciso um leque amplo de categorias de sócio para poder aumentar as receitas.

 

R – Uma das ideias que pretende implementar para aproximar a equipa dos adeptos é pôr os jogadores a assinar camisolas antes e depois dos jogos...

CB – Deixe-me dizer algo que considero importantíssimo. Os jogadores fazem parte do marketing de qualquer clube de futebol. Blindar os jogadores é uma má opção. O público quer estar com eles, quer conversar, quer tirar fotografias. Os nossos profissionais perceberam que, numa altura em que o Sporting está a passar por grandes dificuldades, têm também que colaborar. Tenho tido uma recetividade excecional do Luís Duque, do Carlos Freitas e do próprio treinador, Domingos Paciência. Um jogador lesionado pode, no dia do jogo, fazer várias ações que ajudarão na parte comercial. Vamos refazer a Loja Verde, criar outro tipo de merchandising e, se calhar, vamos mudar a localização da Loja, integrando-a com o Museu. O Museu do Sporting não fica atrás do do Barcelona. A diferença é que o deles é mais moderno e tem uma série de tecnologias multimédia atrativas. Temos de transformar o Museu, juntamente com a Loja, num local de peregrinação. O Barcelona recebe por ano 1,9 milhões de visitantes. Já pensaram o que representa isto em dinheiro?

 

R – A ideia das assinaturas nas camisolas é para avançar já?

CB – É para já.

 

R – No próximo sábado?

CB – Não sei se avança já no sábado, por causa do espetáculo que será montado. Talvez não dê para operacionalizar mas vamos fazer isso em todos os jogos.

 

R – Há mais novidades para os sócios?

CB – Estamos a trabalhar várias coisas, sobretudo nos jogos fora. Queremos ter atividades com os sócios antes dos jogos fora de casa. Brevemente anunciaremos um programa, que inclui o bilhete do jogo, para que os sócios locais possam participar e, depois, apoiar a equipa. Nós precisamos do apoio dos sócios e não podemos contar só com as claques que andam atrás da equipa.

 

R – E jogos ao domingo à tarde em Alvalade?

CB – A Federação não se opõe e vamos ter uma conversa com Joaquim Oliveira nesse sentido. Já não há o impedimento de a Liga Orangina ser à mesma hora. Queremos trazer as famílias ao estádio. Em Inglaterra as transmissões não perdem audiência e os estádios estão cheios com famílias inteiras. Não podemos estar reféns das transmissões de televisão quando as pessoas querem vir ao estádio ver futebol. As verbas da televisão são importantíssimas e não as queremos prejudicar, como é evidente. Tem de haver um entendimento entre a Olivedesportos e o Sporting para se realizar o maior número de jogos ao domingo à tarde em Alvalade.

 

R – Isso irá acontecer ainda esta época?

CB – Tem mesmo de acontecer esta época. Penso que Joaquim Oliveira percebe isto perfeitamente, porque não vai colidir com horários da Sport TV. Ele pode ganhar o dinheiro que tem de ganhar e nós ganharmos com as transmissões e termos o público que queremos.

 

R – O azul TMN nas camisolas é um foco de desagrado. Prometeu resolver até final do ano...

CB – Não prometi resolver. O que eu disse foi “se esta onda sportinguista continuar, nós esgotamos as camisolas até ao fim do ano”. Nessa altura, pode-se mandar fazer camisolas novas. Não vou deitar camisolas para o lixo. Os equipamentos foram encomendados há um ano, antes desta direção. Fizemos várias experiências para serigrafar em cima das camisolas existentes mas não resultaram. Já temos o acordo da Portugal Telecom para retirar o fundo azul.

 

RECORD – Também é um dos sportinguistas entusiasmado com a equipa?

CB – Sou. Em todos os sítios onde passei, verifiquei que o mais importante é a competência e o profissionalismo. E o que eu vejo neste novoSporting, sendo uma pessoa que percebe pouco de futebol, é uma equipa excecional, com Luís Duque, Carlos Freitas e Domingos Paciência. A escolha de jogadores que foi feita, sem loucuras de preços, prova o profissionalismo. Nãoandamos a concorrer contra nenhum clube, como é o caso do Benfica e do FCPorto, que andam a ver quem gasta mais dinheiro e quem ganha ao outro. Não é essa a nossa postura.

 

R – Isso é bom ou mau sinal?

CB – É bom. Temos de ser nós próprios, o Sporting. Estamoscompletamente nas tintas para o FC Porto e para o Benfica. Isso não faz sentido.

 

R – Mas o facto de Pinto da Costa não se ter preocupado com os jogadores pretendidos pelo Sporting não o alarma?

CB – O Pinto da Costa tem lá o quintal dele e nós temos o nosso. Ele gere o dele. Gosta muito de grandes conversas, de estar em conferências deimprensa sempre a gozar com tudo e com todos. Nós estamos noutro registo,noutro campeonato. Estamos a fazer o nosso trabalho, calmamente.

 

R – E acha que o Sporting tem equipa para isso?

CB – Não acho. Tenho a certeza. Temos uma equipa que está a ser construída para que possa competir com qualquer clube. Não é o FC Porto que nos preocupa. Preocupa-nos é, se formos à Champions, o Barcelona e o Real Madrid, para também podermos competir. Porque, daqui a um ano, um ano e tal, o FC Porto já não fará parte do nosso campeonato. O campeonato do Sporting daqui a um ano ou dois será o Barcelona, o Ajax, o Real Madrid. Isso para nós é que vai ser importante. Não vou competir com o Pinto da Costa, vou competir com a equipa do FC Porto no terreno. O que Pinto da Costa diz não me interessa rigorosamente nada.

 

R – As palmas no aeroporto para receber a equipa do estágio não lhe pareceram excessivas?

CB – Não. Nós tivemos uma travessia no deserto, muito má, nos últimos anos, que se limitou a um problema de competência e nada mais. De repente, os sócios veem competência no clube, competência no futebol, competência no presidente, confiança por parte da banca, veem que, até agora, cumprimos tudo o que prometemos, não anunciamos nada que não esteja já assinado. Os sócios sentem um novo Sporting. O próprio título da campanha – O Sporting está de volta – é exatamente isso. O que aconteceu nos últimos anos não era o verdadeiro Sporting. Os sócios sentem isso e daí a procura das Gameboxes e dos bilhetes.

 

R – Mas não ficar satisfeitos com uma boa pré-época...

CB – As pessoas têm de ficar satisfeitas com uma época inteira boa. Vamos competir para o 1.º lugar. Não estou prometer que vamos ser campeões mas vamos competir para o 1.º lugar e, para isso, precisamos do apoio dos sócios: que venham ao estádio, que nos apoiem, que não nos assobiem se um jogo correr mal. Estamos a começar praticamente do zero.

 

R – O Sporting contratou bastantes jogadores. Isso ajudou à parte comercial?

CB – É muito importante. No ano passado, que camisolas conseguia vender? Postiga, Djaló e do Liedson, antes de se ir embora. Agora temos um naipe de jogadores enorme, de grandes estrelas.

 

R – Quem é o campeão?

CB – As camisolas ainda só foram postas à venda há uma semana. Entretanto, chegaram novos jogadores. O campeão vão ser aquele que brilhar mais no terreno e tiver mais empatia com os sócios. Os profissionais do Sporting, os que entraram e os que estavam cá, surpreenderam-me pela empatia e disponibilidade, que não vejo noutros clubes.

 

R – Como sportinguista, qual é a cara nova que lhe está a “encher as medidas”?

CB – Todas. O Luís Duque, o Carlos Freitas e o Domingos Paciência são os três maestros de tudo isto e, agora, temos de ver quem toca melhor. Uns vão tocar melhor violino, outros melhor piano, outros bateria, outros bombo. Todos no seu lugar. Neste momento não lhe posso dizer que estou completamente doido com este ou aquele jogador porque acho que fizemos excelentes aquisições, sem entrarmos em loucuras de pagamentos. Ainda ontem fizemos a apresentação de um belíssimo jogador, contratado em segredo, de uma simpatia e humildade como nós precisamos no Sporting. Os jovens reveem-se nestes ídolos. Não podem ter um tipo a assinar a camisola com ar maldisposto. Isso não é o Sporting.

 

R – Muito sinceramente, acredita que as arbitragens vão melhorar esta época?

CB – Não. Mas não tem a ver com o Sporting, com o Benfica ou com o FC Porto. O Sporting tem de ser respeitado, como os outros. Teria de haver uma maior profissionalização dos árbitros. Teriam de estar todos completamente independentes dos clubes e estar profissionalizados. Enquanto isso não se resolver em Portugal e os árbitros não tiverem as penalidades que têm de ter, o problema não se resolve. O árbitro tem de pensar que, se não for independente e competente, está a prejudicar os clubes em milhões de euros. O negócio do futebol gera milhões de euros e uma decisão errada pode estragar tudo isso. Não aceito, por isso, que um árbitro seja incompetente.


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