Tanta demora em mostrar as garras
O Sporting foi esta quinta-feira empatar a Bolton e traz um bom resultado para a segunda mão dos oitavos de final da taça UEFA que vai decidir no seu estádio. Os leões jogaram como que a dois tempos. Num primeiro, praticamente nada; num segundo mostraram que são superiores se quiserem.
A equipa de Paulo Bento começou muito abaixo daquilo que já mostrou esta época que pode fazer, o Bolton jogou aquilo que sabe; que não é muito. Mas a equipa inglesa já eliminou o bem mais cotado At. Madrid e enfrentar os leões não será um susto para a equipa de Vaz Té. Apenas um desafio.
O Bolton aceitou-o e tornou-se mais ousado pouco depois de ver que o Sporting só atacaria mesmo pela (muito certa) e passou a jogar com Davies mais junto de Helguson para uma linha ofensiva que passou de quatro mais um para três mais dois. E, sim, a aproveitar o tal futebol directo, com muitos lançamentos para a frente.
Essa ousadia foi premiada, pois bem, em mais uma bola parada fatal para a equipa portuguesa. Parece que agora é normal todos tremerem quando algo do género se aproxima e, numa em várias tentativas, os ingleses ganharam o lance em zona de risco e McCann inaugurou o marcador...
Um abanão argentino
A meio do primeiro tempo, os leões ficaram a perder e ainda não tinham acertado na baliza. Moutinho quase marcou, mas saiu ao lado, e o primeiro remate que obrigou Al Habsi a uma defesa foi de Pererinha, já em cima do intervalo. O leão demorou a acordar.
E nem com o intervalo despertou, Paulo Bento estava atento e mandou entrar logo Romagnoli, mas o Bolton ainda podia ter dilatado a vantagem. A trave de Rui patrício devolveu a bola. Polga cortou, em duas situações seguintes, outros dois lances de muito perigo quando o jogo começava finalmente a ser dividido.
Mas nesta altura a organização de Moutinho já começava a ser compensada com a agressividade de Romagnoli e Simon também mostrou em Inglaterra a garra que tem exibido em Portugal. A partida começou a inclinar-se para o lado da equipa portuguesa, o argentino deu o abanão de que necessitava o Sporting.
Uma arrancada pela esquerda terminou com a bola na trave do Bolton. Dois minutos depois o golo do empate por Simon Vukcevic. Finalmente o Sporting estava libertado das grilhetas que parece que a equipa colocou a si própria e que demorou a rebentar.
Mas rebentou, foi à procura do empate, empurrou o Bolton até consegui-lo e tratou de ser adulta a conservar tão importante golo fora para o embate decisivo. E, agora, já sem medo das bolas paradas.
Ficha do Jogo:
Rui Patrício (GR); Abel Ferreira (Leandro Romagnoli 45 min), António Sousa "Tonel", Anderson Polga, Leandro Grimi; Miguel Veloso, Bruno Pereirinha, Marat Izmailov (Gladstone Valentina 85 min), João Moutinho; Rodrigo "Tiuí" (Adrien Silva 79 min) e Simon Vukcevic. Treinador: Paulo Bento Golo: Simon Vukcevic 70 min
destaques Romagnoli a um tempo e Simon depois
Simon Não fez um grande jogo como já se viu que pode, mas foi subindo de produção, ganhando lances e acabou a marcar com a vontade que se lhe conhece.. Marcou mais um golo decisivo.
Moutinho O jogador mais esclarecido dos leões e o que sempre mostrou melhor saber o que fazer à bola e os companheiros de equipa a jogar antes da entrada de Romagnoli, com quem passou a repartir «as despesas». Podia ter marcado numa ocasião, não o conseguiu e deu nas vistas a encontrar formas de o Sporting atacar.
Romagnoli Entrou para abanar o jogo. Consegui-o enchendo com agressividade o que faltava ao ataque leonino. Abanou mesmo a trave do Bolton com um remate e foi o sinal de que o Sporting estava para chegar ao golo. O que Simon fez dois minutos depois.
Tonel Polga perdeu o primeiro duelo com Davies e Tonel o segundo com Helguson, o que foi fundamental para uma defesa que depois ficou aos papeis e o Bolton inaugurou o marcador. Em duas bolas oferecidas aos ingleses à entrada da área, o 13 dos leões teve sorte nas falhas que não foram aproveitadas para que o deixassem ligado de forma fatal ao resultado. Sorte que aconteceu também a Rui Patrício, pois sair da área a tocar a bola com a mão tem tudo para dar mau resultado...
Miguel Veloso Uma das características do médio que o trouxeram para a ribalta foram os passes e o jogo que constrói. A defender esteve até bem, mas falhou muito na construção ofensiva.
Paulo Bento: «Vantagem boa, mas não jogaremos para o 0-0»
Paulo Bento, treinador do Sporting, no final do empate (1-1) com o Bolton, para a primeira mão dos oitavos-de-final da Taça UEFA:
«Não estou de acordo com a ideia de que a equipa foi apática na primeira parte. Entrámos com ansiedade e tivemos dificuldades em circular a bola. Queríamos ter a bola e, de preferência, longe da nossa área. Não o conseguimos e o jogo desenrolou-se quase todo no nosso meio-campo, frente a uma equipa que pratica futebol directo.»
«Numa bola parada, sofremos o golo, mas na segunda parte fomos mais equilibrados e mais ofensivos. Criámos oportunidades para marcar pelo Grimi e pelo Romagnoli. Marcámos o golo, mas ainda sofremos. Nestes jogos sofre-se sempre. Mas o Bolton teve duas ocasiões: uma de lançamento lateral, outra de canto.»
«O jogo directo é difícil de combater. Frente a uma equipa que não elabora muito o jogo, é complicado. Na segunda parte, com maior posse de bola dominámos. Tirámos o jogo do nosso meio-campo e deixámos de dar bolas paradas. O Bolton é uma equipa muito alta e há uma coisa que não podemos fazer, que é dar altura aos nossos jogadores.»
«A entrada do Romagnoli foi para termos mais bola, com a sua mobilidade e, através da passagem do Pereirinha para lateral, tentarmos sair para o ataque melhor do que na primeira parte. Não empátamos o jogo pela substituição, mas porque fomos melhores como equipa na segunda parte.»
«O Sporting está com uma boa vantagem. O resultado dá vantagem para a segunda mão e obriga o adversário a jogar em ataque continuado. Mas não acredito que em Lisboa sejam muito diferentes. Nós não fugimos á nossa forma de jogar. Não vamos entrar para o 0-0. Com um ambiente melhor que hoje, vamos de certeza passar para os quartos-de-final.»
«Entrámos presos na primeira parte. Houve sobretudo demérito a atacar, pelo poder físico do adversário. Equilibrámos as coisas, tivemos claras oportunidades para marcar e fizemos o golo. Na segunda mão não podemos concentrar-nos no empate, temos de pensar em entrar para ganhar. Jogar para o 0-0 é perigoso. Nunca jogámos e não é agora que vamos jogar.»
«Não sou o Liedson, sou o Simon Vukcevic», garante o próprio
Simon Vukcevic, autor do golo do Sporting, no final do empate (1-1) com o Bolton, para a primeira mão dos oitavos-de-final da Taça UEFA:
«O golo? Fiz tabela com o Tiuí, rematei e marquei.»
Sobre substituir Liedson no ataque e nos golos «Não sou o Liedson, sou o Simon Vukcevic. Não sei quantos mais golos vou marcar. Mas o melhor é ganharmos as duas Taças, conseguirmos o segundo lugar na Liga e, se pudermos vencer também a Taça UEFA. Com quantos golos meus não sei. Não é preciso nenhum, se ganharmos isto tudo.»
Em declarações à Sport Tv
«Já me sinto melhor a jogar a avançado, já fiz dois ou três golos. O jogo foi difícil na primeira parte, mas na segunda estivemos melhor. Quero agradecer o apoio dos adeptos».
In maisfutebol.iol.pt
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